Este hinário teve início logo após meu fardamento no Céu do Mar, Rio de Janeiro, em 1989.
Dentre meus quatro hinários, o Espelho da Alma é o mais devocional, e também o mais cristão. Como muitos jovens da minha geração, fui buscar a espiritualidade por outros caminhos que não o Cristianismo. Do LSD aos mestres orientais, acumulei certa bagagem de conhecimento e profundas experiências místicas que se intercalavam com longos períodos de total esquecimento. O Daime resgatou em mim a lembrança da história cristã, de Jesus, Maria e São João, e o Espelho da Alma revela muito deste reencontro.
Apesar do aspecto devocional e cristão, o Espelho da Alma é também um hinário disciplinador. Ele pode nos levar a grandes alturas e, em seguida, dar um puxão de orelha bem apertado.
Originalmente ele tinha 99 hinos. Levei mais de 20 anos para fazer uma “limpeza”, e acredito que tenha feito isso sem nenhuma perda da essência do hinário. O que tirei foi o peso de um sofrimento que era, dentre outras coisas, justamente o que eu mais precisava curar em mim. Não fazia sentido levar isso para outras pessoas. Com o passar do tempo, à medida que clareava meu entendimento, fui clareando também o Espelho da Alma até seu formato atual, com 65 hinos.
No seu tamanho original ele ocupava 6 fitas cassete. Eu comprava caixas e mais caixas de fitas cassete, e atendia a todos que me pedissem para copiar o hinário completo. Assim, o Espelho da Alma viajou mundo afora, foi passando de mãos em mãos e acabou parando nos cantos mais remotos do planeta.
Só em 2020 comecei a gravação oficial deste hinário com o músico Márcio Ventura, uma gravação de tempos de pandemia, feita à distância, ele em São Paulo, eu no Rio. E, assim que estiver pronta, será disponibilizada neste site.